Os cigarros eletrônicos surgiram há mais de duas décadas, mas foi nos últimos anos que esses dispositivos foram ganhando mercado e conquistando adeptos, especialmente jovens e pessoas com o objetivo de parar de fumar, substituindo os cigarros convencionais.
Para se ter ideia, atualmente são cerca de 30 mil marcas de cigarros e líquidos à venda na Europa. Em 2014, as vendas em todo o mundo eram de US$ 2,76 bilhões. Após cinco anos, subiram para US$ 15 bilhões.
Outro dado relevante é do relatório Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), o qual apontou que pelo menos 1 em cada 5 jovens consomem cigarros eletrônicos no Brasil. Isso equivale a 19,7% dessa população. Lembrando que a venda no país é proibida.
Uma explicação para esses números é o fato de que muitas pessoas acreditam que os cigarros eletrônicos fazem menos mal do que os convencionais. Afinal, isso é mito ou verdade? Não passa de um mito, pois esses dispositivos, assim como os cigarros tradicionais, oferecem riscos à saúde.
Para esclarecer melhor este assunto, conversamos com o cirurgião torácico, Dr. Leonardo Rottili Roeder. Acompanhe o conteúdo e fique por dentro.
Por que os cigarros eletrônicos são prejudiciais à saúde?
De modo geral, os cigarros eletrônicos, que têm nomes como vape ou pod, funcionam por meio do aquecimento do líquido composto substâncias como glicerina vegetal, propileno glicol, flavorizantes, sabores artificiais e, conforme o produto, nicotina. Ao contrário dos cigarros, que funcionam pela queima do tabaco, eles formam um vapor.
Apesar destes produtos, a princípio, terem menos substâncias tóxicas do que os cigarros convencionais, incluindo o monóxido de carbono, a composição também é bastante prejudicial à saúde. Veja algumas explicações:
Pode provocar doenças respiratórias
Qualquer tipo de líquido de cigarros eletrônicos, mesmo aqueles que não têm nicotina, podem levar à ocorrência de doenças respiratórias. Hoje, inclusive, já existe uma patologia pulmonar que estaria ligada ao uso do dispositivo, chamada Evali, sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico.
Foi descrita pela primeira vez em 2019 e o que se sabe até agora é que pode estar ligada ao diluente utilizado nos líquidos, o qual pode afetar o pulmão e causar uma reação inflamatória. Suas complicações são pneumonias, fibrose pulmonar e, de forma mais grave, insuficiência respiratória.
Fator de risco para o câncer
Segundo pesquisas recentes, os cigarros eletrônicos, assim como os convencionais, são um fator de risco para cânceres como os de pulmão. Um desses estudos é da Universidade de Nova York, inicialmente realizada em ratos (mas os cientistas acreditam que ocorram os mesmos mecanismos em humanos). Por 54 semanas, grupos de ratos foram expostos, cinco dias na semana, durante quatro horas por dia, a três condições diferentes: um deles em uma câmara com vapor de cigarros eletrônicos, o segundo com solventes e o terceiro com ar filtrado.
Nove dos 40 roedores que tiveram contato com as substâncias dos dispositivos tiveram câncer de pulmão. Ou seja, mais de 20% deles. Nos dois outros grupos, apenas um roedor foi acometido por tumores.
Não é eficaz para quem quer parar de fumar
Como citamos no início do conteúdo, um dos principais públicos dos cigarros eletrônicos são pessoas que querem parar de fumar, substituindo um produto pelo outro. No entanto, primeiramente, a nicotina, substância responsável pelo vício, se encontra em ambos.
Além disso, nos casos em que os líquidos são sem nicotina, o hábito pode levar o tabagista e utilizar ambos os produtos, o que duplica o risco e não ajuda a eliminar o hábito do tabagismo.
Estes são apenas alguns dos malefícios dos cigarros eletrônicos para a saúde. A melhor estratégia, sempre, é não começar a fumar, ou, quando já se é fumante, procurar ajuda médica caso parar sozinho seja muito difícil.
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