O câncer de pulmão é o segundo tipo mais comum no Brasil, sem contar o câncer de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), até 2024, mais de 30 mil brasileiros serão diagnosticados com a doença anualmente.

Sabemos que ter um diagnóstico como esse nunca é fácil, pois gera medo, angústia e muitas dúvidas. Pensando nisso, conversamos com o cirurgião torácico, Dr. Leonardo Rottili Roeder, que esclareceu diversos aspectos sobre a neoplasia. Confira o conteúdo e fique por dentro.

O que é o câncer de pulmão?

O pulmão tem um papel vital no organismo, é onde ocorre a oxigenação do sangue. As células que formam o órgão de dividem e reproduzem frequentemente, mas por uma falha nesse processo elas passam a se multiplicar de forma desordenada e descontrolada, originando os tumores. Eles geralmente começam nas células internas do pulmão que revestem os brônquios, os bronquíolos ou os alvéolos.

A doença pode ocorrer por diversas causas, sendo a mais comum o tabagismo, responsável por cerca de 90% dos casos. Idade avançada, exposição à poluição do ar, genética e histórico familiar são outros fatores que aumentam o risco de desenvolvê-la.

Quais são os principais tipos de câncer de pulmão?

– Câncer de células não pequenas: representam até 85% dos casos, sendo os tipos principais o adenocarcinoma e carcinoma de células escamosas. Quando descobertos em fase inicial, a cirurgia tem papel bastante relevante no tratamento;

– Câncer de células pequenas: são tumores neuroendócrinos e apesar de serem diagnosticados em menor número, em torno de 10% dos casos, são os mais agressivos. A maioria dos pacientes diagnosticados apresentam lesões já avançadas no momento do diagnóstico;

– Tumores carcinoides típicos e atípicos: são tumores neuroendócrinos com comportamento distinto entre eles. Mas eles têm em comum a cirurgia como principal método de tratamento. O carcinoide típico em geral tem crescimento bastante lento e prognóstico muito bom.  Já o carcinoide atípico em geral tem comportamento mais agressivo.

Como é feito o diagnóstico?

Existem algumas dificuldades para o diagnóstico precoce do câncer de pulmão, que, por sua vez, é de grande importância para o sucesso do tratamento. Isto se dá pelo fato de a doença ser silenciosa, sendo descoberta normalmente em estágios mais avançados.

A chave para o diagnóstico precoce é o paciente de alto risco, manter acompanhamento médico regular e participar de programas de busca ativa (screening) para o câncer de pulmão, antes de apresentar qualquer sintoma.

Os sintomas do câncer de pulmão podem ser facilmente confundidos com outras doenças respiratórias, por isso o paciente acaba demorando a procurar um especialista para investigação.

Diante de sinais de suspeita do tumor, a partir do exame clínico e relatos do paciente, são solicitados exames de imagem, como a tomografia computadorizada. Para confirmação, é feita uma biópsia, geralmente por meio de um procedimento denominado broncoscopia ou por uma biópsia orientada pela tomografia. Porém, ela também pode ser feita com aspiração com agulha e retirada do líquido pleural nos casos mais avançados.

Caso a existência de neoplasia se confirme, o médico solicita exames para a avaliação do tipo histológico do tumor e também o chamado estadiamento, de forma a verificar se existem possíveis metástases em outras regiões do corpo.

Quais são os tratamentos disponíveis hoje?

Os tipos de tratamentos empregados para o câncer de pulmão dependem de diversos fatores. Entre eles estão o tipo histológico do tumor, a extensão da doença e o perfil clínico do paciente. Os tratamentos indicados podem ser:

– Cirurgia de retirada do tumor, nos casos de diagnostico inicial e casos individualizados, após avaliação multidisciplinar, que pode ser feita por diferentes técnicas, com possibilidade de cirurgia minimamente invasiva;

– Quimioterapia, com o uso de diferentes medicamentos para destruir as células neoplásicas e impedir o seu crescimento;

– Imunoterapia, que consiste no uso medicamentos que auxiliam o próprio sistema imunológico a combater a doença;

– Radioterapia, em que se utiliza a radiação ionizante para destruir as células cancerígenas ou controlar o seu crescimento;

Cirurgia robótica: inovação cirúrgica para o tratamento do câncer de pulmão

Com os avanços tecnológicos da Medicina, a cirurgia robótica surgiu como um método inovador para tratar o câncer de pulmão. Ela traz diversas vantagens quando comparada aos procedimentos cirúrgicos convencionais. Confira alguns benefícios:

– Visão tridimensional e magnificada em 15 vezes, o que gera maior precisão ao cirurgião;

– Maior precisão nos movimentos, graças às pinças robóticas que permitem angulações melhores até que a mão humana, minimizando as chances de danos às estruturas adjacentes ao tumor;

– Menor tempo de internação, recuperação mais rápida e retorno precoce às atividades;

– Cortes menores, reduzindo a dor e sangramento.

A cirurgia robótica pode ser realizada nos casos de doença localizada e também nas metastáticas. Cada paciente deve ser avaliado individualmente para a indicação do melhor tratamento.

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